A Pipoca Arrumadinha: Histórias da Maria #2!

sexta-feira, 27 de março de 2015

Histórias da Maria #2!

Capitulo II

Toc toc toc.

Era o João. Tinha a chave do apartamento dela há anos, mas preferia sempre esperar que ela lhe abrisse a porta.
- Trouxe bagels!
Já tinha tomado o pequeno-almoço e não tinha bem a certeza do que era um bagel – apesar de ter ouvido falar dessa moda em Lisboa nos últimos dias. Mas aceitou os bagels e um beijo, sem perguntas.
- Estás muito calada.
- Tenho uma dor de cabeça daqui até à lua.
- Ressaca. – disse com um sorriso maroto.
Oh, que lindo sorriso, pensou ela. Continuava sem lhe conseguir resistir.
- Como estão os teus pais?
- Como sempre.
Já se dirigia para o sofá. Às vezes tinha a sensação de que ele só ia para lá, para fugir à casa dos pais.
- O que fazemos hoje?
Ele pareceu pensativo: mas ela já esperava a resposta do costume.
- Ficamos por aqui? Vemos TV, um filme...até podemos mandar vir umas pizzas.
Talvez fosse aquela a rotina de Domingo há praí dois anos.
- Apetecia-me sair de casa. Dar uma volta. Arejar.
- Liga às tuas amigas.
- Apetece-em dar um passeio contigo. Acho que nos fazia bem.
- O que me faz bem agora é estar aqui sossegado um bocado, pode ser? Não comeces.
Ele no sofá, cabelo castanho em desalinho, já de comando na mão, barba de dois dias. Um vegetal. Lindo.
- Não queres ir jantar com os meus pais hoje?
Ele nem respondeu, fez um som.
- Eu vou jantar com os meus pais. Se não quiseres ir comigo, também não quero que fiques aqui. Na minha casa. Sozinho.
Ele olhou para ela muito sério. Não estava bem a perceber de onde vinha aquela atitude. Ela adivinhou uma discussão – mas tavez fosse o melhor. Falar. Não discutiam há tempo demais. E quem discute, interessa-se.
- Como queiras. – disse ele, simplesmente.
Ela rodou num pé e afastou-se para o quarto. Tomou um banho quente, com água corrente e salgada, das suas lágrimas. Vestiu qualquer coisa e saiu de casa sem uma palavra. Ele assumiu que ela ia buscar qualquer coisa para comer com os bagels e continuou o zapping.